segunda-feira, 11 de abril de 2011

Morte na escola (Rio de Janeiro, 07 de abril)










SÁBADO, 9 DE ABRIL DE 2011


Hoje, horrorizadas e perplexas, famílias choram suas perdas, enterram crianças. Seu sofrimento é intenso, legítimo e pavoroso. Muito já foi dito e exibido a respeito. Principalmente sobre as vítimas, os inocentes.
Sou médico, minha preocupação é com a vida e o bem estar das pessoas. Não me cabe julgar quem quer que seja. Por isso, fico tranqüilo em expressar o que sinto.
O assassino, como eu, era um ser humano. Teve pais biológicos que o geraram, e pais adotivos que o amaram, cuidaram dele. Provavelmente, a ele desejaram uma vida plena, tiveram expectativas de que fosse feliz, investiram nisso. Pelo que soube, era um rapaz isolado, sem amigos, “estranho”. Seus pais morreram e ele ficou só. Adoeceu sem que ninguém visse ou soubesse. Sem que ninguém se importasse. Tivesse ainda ele um pai, uma mãe, uma namorada, alguém que o amasse, talvez tivesse recebido cuidados. Mas ninguém percebeu a tempo. Ninguém estava lá para ver os sinais. Como as crianças, ele também está morto. Pelas circunstâncias, ninguém lembra que ele também foi uma vítima desta desgraça. Ao contrário do que se faz com os inocentes, ninguém chora sua morte. Ninguém lamenta que agora ele deva estar no inferno. Desta vez, parece que o Demônio saiu vitorioso.

Por todas as vítimas dessa tragédia, incluindo Wellington Menezes de Oliveira, sentindo-me impotente, nessa madrugada, eu verto minhas lágrimas.